Terapias Breves Centradas na Solução
Indicada para:
Esta abordagem é utilizada no âmbito da Terapia Familiar , que é indicada para as situações em que se pretende uma mudança no funcionamento da família, e que é desenvolvida em sessões conjuntas com vários elementos da família. É também utilizada no âmbito da Terapia Individual, que é indicada para as situações em que se pretende uma mudança individual. Neste contexto, outros elementos da família poderão estar presentes, funcionando como um apoio da pessoa acompanhada face ao problema, ou a pessoa acompanhada poderá apresentar-se para as sessões sozinha.

Origens:
As Terapias Breves Centradas na Solução contrastam com outras abordagens no sentido em que se centram não nos problemas que levaram a pessoa a procurar terapia mas antes nas soluções que gostaria de desenvolver e naquelas de que já dispõe. Assume que uma abordagem centrada no problema «desenvolve» o problema, e que uma abordagem centrada nas soluções «dissolve» o problema. Desenvolveu-se após a década de 80, a partir dos trabalhos de S. de Shazer e I. Kim, no Brief Family Therapy Center, nos EUA.

Conceitos:
Estas terapias são descritas como Breves no sentido em que defendem a realização de um número mínimo de sessões, com o maior intervalo possível de tempo e «nem uma sessão a mais do que o necessário». Esta brevidade assenta num modelo que assume que: 1) o trabalho sobre pequenas mudanças é suficiente para deixar a pessoa/família numa posição mais favorável; 2) a pessoa/família tem recursos e a capacidade de os utilizar; 3) a terapia deve abster-se de intervir sobre áreas não problemáticas - «se funciona, não repare»; 4) a terapia deve suportar o que já se tiver revelado produtivo para abordar as áreas problemáticas - «se funciona, continue»; 4) a terapia deve promover a mudança do que se tiver revelado improdutivo para abordar as áreas problemáticas - «se não funciona, faça outra coisa».

São descritas como Centradas na Solução no sentido em que utilizam um discurso solucionista, que procura e enfatiza: 1) as soluções (as estratégias que já mostraram ser produtivas para lidar com o problema); 2) as exceções (os momentos em que o problema não acontece ou acontece com menor intensidade); 3) os recursos (os aspetos pessoais e sociais sobre os quais a pessoa/família se pode apoiar para resolver o problema); 4) os aspetos positivos (aquilo que a pessoa/família gostaria que não mudasse). Esta ênfase assenta num modelo que assume que é natural que a pessoa/família se queixe do problema, mas que as histórias contadas contém igualmente as soluções que já estão presentes na sua vida. O modelo defende ainda que os problemas são desenvolvidos pela atenção que se lhes dá, e dissolvidos pela atenção que se dá às soluções.

Por exemplo, face a uma queixa de episódios de ansiedade, o terapeuta poderia perguntar sobre: 1) Soluções - «Que estratégias resultam para se acalmar?»; 2) Exceções - «Quais os momentos em que se sente descontraído?»; 3) Recursos - «O quê em si / quem à sua volta o ajuda a ficar mais calmo?»; 4) Aspetos Positivos - «O que gostava que não mudasse na sua vida?»

Técnicas:
A intervenção é de curto prazo, e focada no presente e no futuro. Promove-se a construção de uma visão do futuro desejado, e atende-se aos momentos do presente em que a pessoa está mais próxima desse futuro, e ao que é diferente nesses momentos. Algumas técnicas são:
Prescrição Invariante>: Questão sobre os aspetos positivos do presente. «Até à próxima sessão, observem-se de uma forma muito especial, de forma a que me possam falar acerca do que se passa na vossa família que desejariam ver continuar (não acerca do que vos corre mal)»
Pergunta Milagre>: Questão sobre as diferenças no futuro desejado. «Suponha que a nossa sessão acaba, vai para casa, e faz o que planeou para o resto do dia, e, à noite, vai deitar-se. Adormece e, durante o sono, acontece um milagre e o problema que o trouxe até cá fica resolvido. Como o milagre aconteceu durante a noite, quando você e todos os outros estavam a dormir, ninguém sabe que ele aconteceu. Na manhã seguinte, como vai começar a descobrir que o milagre aconteceu? (…) E que mais vai notar?»
Escalas de Progresso, Motivação, Esperança…>: Procuram identificar diferenças relativas em questões relevantes. Por exemplo, «Numa escala de 0 a 10 em que 10 representa a maneira como as coisas estão na manhã do milagre e 0 corresponde ao momento em que as coisas estiveram pior, onde está agora?» Ajudam também a identificar: 1) o futuro desejado - «Que grau da escala corresponderia a estar suficientemente bem? Em que grau da escala saberia que já não precisa destas sessões? Como seria um dia nesse grau da escala?»; 2) as exceções - «Num dia em que está no grau seguinte da escala, o que é diferente?»; 3) os recursos - «O que o está a impedir de descer para o grau anterior da escala?»
Perguntas sobre Exceções>: Visam descrever os momentos em que o problema não aconteceu ou aconteceu com menor intensidade, de forma a identificar quais as diferenças em termos das circunstâncias ou daquilo que a pessoa/família fez.
Perguntas sobre Recursos>: Visam identificar recursos pessoais e sociais sobre os quais a pessoa/família se pode apoiar para resolver o problema.

Texto elaborado por Ana Catarina Dias - Psicoterapeuta



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